A Missão: Promover a “Agência Humana” e governar “Ecologias de Dados” para atingir “Balanço Zero de Carbono” e reduzir desigualdades na era digital.


Erradicar a pobreza, reduzir as desigualdades e alcançar o desenvolvimento sustentável no Sul Global deve mobilizar os nossos interesses comuns, de forma a promover uma transição inclusiva e verde na era digital que emerge. Requer um movimento cultural transdisciplinar, envolvendo todas as áreas do conhecimento, que promova o uso de dados derivados de sistemas de sensoriamento remoto e de observação da Terra em combinação com outros sistemas avançados de aquisição e processamento de dados. Pretende-se estimular políticas e práticas inovadoras tendo por base novos conhecimentos para lidar com ambientes complexos, incluindo aqueles em zonas urbanas e/ou rurais de elevada vulnerabilidade social, económica e ambiental.

O Programa K4P Alliances pretende estimular a colaboração institucional e iniciativas orientadas para atingir a meta da neutralidade carbónica, ou “zero líquido”, até 2050, através de projetos-piloto sustentáveis no longo prazo em associação com formas de cooperação com a América Latina e África que estimulem atividades de pesquisa e inovação com a participação ativa de comunidades locais.

Os projetos-piloto e a sua sustentabilidade serão implementados através de arranjos colaborativos que funcionem como centros de excelência de base transdisciplinar e que promovem “ecologias de dados” e a integração de formas avançadas de sistemas de Observação da Terra, sensorização remota e dados in situ para compreender o presente e construir o futuro. Devem assumir, assim, a forma de “Laboratórios Colaborativos” envolvendo pessoas e peritos em todas as áreas do conhecimento, juntamente com atividades de interface e intermediação com os setores público e privado, assim como organizações da sociedade civil.

Esta iniciativa lançará uma série de ações concretas e explorará novos resultados ao longo do tempo e com base num processo gradual, baseado num pensamento integrado e transdisciplinar, incluindo: i) a construção e desenvolvimento de novas ecologias de dados com métodos avançados de observação, incluindo dados de satélite e serviços em órbita, juntamente com sistemas avançados de coleta e processamento de dados in-situ, juntamente com interfaces de usuário adequadas; ii) a promoção de inovações institucionais relevantes de forma a contemplar quadros institucionais distribuídos, plurais e colaborativos; e iii) o estímulo ao desenvolvimento de novos conhecimentos e a capacitação de recursos humanos. O programa será organizado e implementado em termos de “Capítulos Regionais”, seguindo uma abordagem gradual, como listado seguidamente.

O objetivo último é promover Territórios Sustentáveis e Saudáveis através da pesquisa e práticas sociais inovadoras, juntamente com a criação de novos empregos e iniciativas que estimulem a transição ecológica da economia e da sociedade, dando total prioridade à “Agência Humana”.


Linha de acção 1 – Inovação Colaborativa: Promover a inovação institucional e a pesquisa e inovação participativa de base comunitária para fomentar novos empregos.

    Inclui promover uma rede internacional de projectos e laboratórios colaborativos na forma de centros de excelência de base transdisciplinar em estreita colaboração com atores locais e mecanismos de cocriação, bem como atividades de interface, intermediação e divulgação, visando a criação de empregos e mercados, juntamente com a capacitação a nível institucional e humano. Os vários temas e laboratórios a promover devem abranger os seguintes tópicos:
  • inovação em territórios sustentáveis e saudáveis, usando cartografias sociais participativas;
  • bibliotecas de acesso aberto de produtos e componentes naturais, juntamente com formas de valorização económica desses produtos e componentes;
  • modelação digital para economias de baixo carbono, incluindo a sistematização da representação digital de áreas urbanas e agroflorestais na forma de “Gêmeos Digitais”, juntamente com a modelação de cenários orientados para o desenvolvimento sustentável;
  • bioeconomias de baixo carbono e inovação no uso da terra, facilitando uma melhor exploração sustentável dos ativos biológicos em estruturas agroflorestais em Biomas Tropicais e na Floresta Tropical da África;
  • inovação em bioeconomias costeiras e carbono azul, incluindo manguezais tropicais e aquicultura verde, juntamente com inovação no uso da terra e mapeamento de carbono de áreas húmidas/manguezais;
  • inovação em energias sustentáveis e renováveis e outras sistemas disruptivos, inclui do para a promoção da sustentabilidade urbana; e
  • inovação em “financiamento verde”, promovendo o financiamento sustentável de economias “net-zero”.

Linha de acção 2 – Observatórios transdiciplinares de dados: desenvolvimento de Ecologias de Dados com métodos avançados de Observação (Terra/Pessoas):

  • Observatório do Uso da Terra e dos Solos, da Biodiversidade e do Carbono, com o objetivo de mapear o monitoramento do solo, a gestão da água e as cargas de combustível da vegetação com alta resolução temporal e espacial, bem como os “stocks” e a capacidade de sequestro de carbono.
  • Observatório de Inovação Centrada em Comunidades e dinâmicas de territórios sustentáveis e saudáveis, com o objetivo de mapear dinâmicas de inovação emergentes envolvendo comunidades e as pessoas em geral na erradicação da pobreza, redução das desigualdades e na promoção do desenvolvimento sustentável. Inclui ainda o desenvolvimento e a disseminação de pesquisa e práticas comunitárias inovadoras, baseadas em cartografia social e estudos intersetoriais.

Linha de acção 3 – Capacitação de Recursos Humanos: promover novos conhecimentos e a formação de competências

  • desenvolvimento de programas educacionais, incluindo: programa de bolsas de estudo, programas conjuntos de mestrado, programas conjuntos e/ou duplos de doutorado, diplomas conjuntos e/ou duplos de pós-graduação (diplomas curtos, sem graduação);
  • formação para capacitação e desenvolvimento de competências;
  • programas competitivas de I&D e pesquisa colaborativa, com o objetivo de fortalecer o envolvimento da comunidade e o desenvolvimento da ciência e da cultura de inovação;
  • Breves publicações sobre políticas e dados sobre o desenvolvimento educacional sustentável, inclusivo e colaborativo para promover territórios sustentáveis e saudáveis por meio de inovação e gestão de dados.

Linha de acção 4 – Capítulos Regionais: Implementação, avaliação e reporte.

    O programa será co-concebido, organizado e implementado em termos de “Capítulos Regionais”, seguindo uma abordagem gradual em várias regiões:
  1. América Latina e Caraíbas
  2. África Subsaariana
  3. Oceano
  4. Outros capítulos podem vir a incluir Indo pacífico; regiões europeias e a Califórnia.